quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Eu queria fazer uma matéria...

Oi, eu sou estudante de jornalismo e estou fazendo uma matéria sobre a Augusta... "Ah, o senhor fala com o gerente, por favor..brigado, viu..." Olá, tudo bem? Eu estou fazendo uma matéria sobre a rua e queria saber há quanto você trabalha aqui; quais foram as mudanças na região; o que você acha da rua... “Óia, o patrão proibiu a gente de falar com repórti, cê me desculpa”.

Do número 215 da Augusta, próximo ao cruzamento da Caio Prado, até onde minhas pernas e perseverança agüentaram, essa foi a reposta que obtive quando tentava angariar sonoras para um modesto podcast idealizado por mim e pelas meninas (Jéssica e Evelise). Quando alguma alma caridosa aceita dar um testemunho, ao sacar o gravador do bolso, as caras se fechavam e o Exú Carranca, aquele que atormenta a vida dos pobres jornalistas, voltava a rodar a baiana no terreiro.

Antes de começarmos com este blog, debatemos como iríamos apurar as matérias aqui postadas. Fiz um discurso todo florido de um jornalismo pró-ativo e ofensivo, que vai às ruas e bate de frente, sem preguiça, com as pernas doloridas, mas de lide rico e vistoso. As meninas me olharam com uma cara de “o que é isso, Dú?”. Logo depois argumentaram que era só um blog, para eu levar menos à sério e relaxar (no sentido de curtir) na escrita e na apuração. Em generosas palavras, elas tentaram me dizer o seguinte: salve suas energias!

Na hora fiquei um pouco chateado e sentindo-me sozinho nesta “batalha épica” que eu mesmo criei sobre o jornalismo...Hoje, percebi o quanto os pares dos pezinhos das meninas estavam cravadinhos no chão, bem tranqüilos e descansados. Diante dessas e de outras, quase chego a acreditar que, às vezes, as mulheres tem toda razão. (Obrigado, meninas!)

Todavia não desisto. Apesar de essa semana já não ser mais minha (a Jéssica publicará suas reportagens), prometo que arrancarei um bom depoimento sobre a Rua Augusta, nem que seja daquelas simpáticas meninas que “florescem” em suas calçadas quando a noite começa a chegar. Afinal, elas não têm patrão que as impeça de falar o que pensam.

Eduardo Neco, percebe?

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