Após a frustração de fazer a coisa acontecer in loco, lá vai tudo o que sei sobre essa puta rua (risos) que é a Augusta.
Nos anos 60, quando a galera descia a rua esmerilhando a 120 por hora. Aliás, essa música (Rua Augusta) não é do Tremendão (Erasmo Carlos), assim como eu e uma galera pensava. Pensava, pois as versões que ouvi estão na voz de Erasmo. Na verdade, é de um indivíduo chamado Ronnie Cord. Sim, além de compor a música o moçoilo a interpretava. Ele tem um outro sucesso estrondoso: “Biquini de Bolinha Amarelinha”.
O que vale ressaltar sobre a Augusta daquela década é a exata oposição à tudo o que a rua representa hoje: democracia e pluralidade. Esse papo de garota de programa mostrando os peitinhos e gente barbuda batendo um papo é coisa, digamos, recente.
A região da Augusta era freqüentada por pessoas que tinham muito dinheiro. A chamada “alta classe paulistana”. Para ser mais exato, a rua era o ponto de diversão dessa faixa da sociedade que morava em Higienópolis e ia pros lados do centro para “glamourizar” (esse termo existe?).
As maiores evidências dessa época de glamour estão, por exemplo, na localização do Hotel Ca´d´Oro. Pelo seu porte e “finesse”, não parece servir ao público de seu entorno. O hotel fica em uma região apagada da Augusta, depois do burburinho; em um pedaço esquecido da rua. Próximo as esquinas sem-graça, cinzas, sempre freqüentadas por garotas de programa e jovens cineastas que rodam seus curtas nas calçadas.
Parece colocado ali há anos e esquecido pelo movimento cultural que colou a agitação da rua quase à Avenida Paulista.
Hoje, glamour não é o forte da rua, mas energia e astral levemente pecaminoso. Explico: eu, pelo menos, tenho, não sei por quê, uma sensação danada de que estou fazendo algo errado quando estou na Augusta. Talvez eu seja pudico demais.
Achei um documentário sensacional sobre a Rua Augusta. Lá você perceberá como a rua é simpática e plural. Talvez eu não tenha encontrado essa simpatia toda por ter ido lá muito “cedo”: duas da tarde (risos). A galera que circula por lá a noite é muito mais “bem-humorada”, entende?
Eduardo Neco
Um comentário:
Quem nunca rodou essa ruazinha danada, né não?
Tenho histórias pra contar...
Posso começar?
(risos)
abraços, meu velho
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